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Torcidas organizadas na hora da mudança!

  • Felipe Tobar
  • 9 de mai. de 2017
  • 3 min de leitura

Há algum tempo, torcidas organizadas de futebol vêm sofrendo sérios embaraços no âmbito legislativo, judicial e da opinião pública, em parte devido à ação violenta de maus membros que compõem seu quadro de associados.


Em face disso, no início da década, em conjunto com Vanderlei de Lima e Hermenegildo Cappati, foi lançada a obra O protagonismo das torcidas organizadas na promoção da paz (Ed. Própria, 2012) que apresenta aos líderes dessas agremiações, conforme o subtítulo, ações preventivas e eficazes nos estádios e suas adjacências, segundo a legislação e o bom-senso.


Enquanto jornalistas, blogueiros, policiais, parlamentares, universitários etc. se voltaram para a análise da obra, a maioria dos líderes de torcida dela sequer quiseram tomar conhecimento, assim como fazem, ainda hoje, para outras abordagens oriundas do campo acadêmico. A pergunta que fica é: por que não desejam mudanças para melhor?


O que impede uma torcida organizada de progredir e, assim, evitar a instauração de

processos administrativos e/ou judiciais? Por que não lutam, de modo ardoroso, pela paz, dentro e fora dos estádios? O que ou quem impede esse importante avanço em pleno século XXI?


A pesquisa transformada em livro não deixa dúvidas de que é preciso ação conjunta das torcidas envolvidas para os dias de jogos a fim de evitar confrontos com espancamentos e mortes, inclusive por arma de fogo. É necessária, ainda, uma forte orientação a cada associado quanto ao que ele posta de provocativo nas redes sociais contra o adversário. Aliás, o exemplo deve vir da própria página oficial da torcida a colocar o nome correto do rival e não um “nome” depreciativo. Está comprovado que a violência simbólica (aqui não há brincadeira sadia), entre torcedores mal-intencionados, leva à agressão real. Por que, então, não mudar?


Esse padrão comportamental é visto no trajeto de ida e de volta de torcedores para o estádio, bem como dentro dele com os violentos cantos, chamados de “gritos de guerra”. São berrados a plenos pulmões sem nenhum sinal de mudança, por grupos que torcem contra o rival e não pelo próprio time; que têm ligação com tráfico de drogas e pequenos assaltos e; que pensam ser extensão legítima da “defesa moral” do clube.


Assim, o ambiente, que deveria ser festivo, torna-se um campo propício para ações policiais e, consequentemente, judiciais: roubo, lesão corporal, homicídio, formação de quadrilha, depredação de bens alheios, porte de arma branca ou de fogo, disparo, menores envolvidos em vandalismo ou crimes etc. Aliás, tais crimes são comuns nas fichas policiais de muitos torcedores de organizadas, que, ainda assim, continuam a frequentar os estádios brasileiros.


Por consequência, em muitos estados do país, os verdadeiros torcedores são a cada dia mais penalizados, a partir, por exemplo, do tolhimento de vivenciarem manifestações culturais de arquibancada tão presentes no último século, representadas nos fogos de artifício, sinalizadores e fumaças que coloriam os céus de um dia de clássico; nos papéis picados e rolos de papel higiênico atirados ao gramado responsáveis por anunciarem a entrada das equipes; nos instrumentos musicais que ditavam o ritmo da peleja, ou mesmo, na singela “cervejinha”, até hoje considerada vilã e causadora da violência entre torcedores. Logo, a quem esse cenário interessa?


Bem, identificação individual nos estádios para quem não lembra é promessa de campanha eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, através de seu então ministro dos esportes, atual Deputado Federal, Orlando Silva, assim como são

igualmente inexistentes, salvo raríssimas exceções, os meios de comunicação que buscam expor o sofrimento de familiares que perderam entes queridos em confrontos ligados a torcidas de futebol com vistas a uma possível conscientização.


Ao contrário, na busca por altos índices de audiência, preferem expor as nuances de mais uma tragédia, o que segundo estudos internacionais já apontaram, estimulam a perpetuação do ódio entre os rivais, a partir da publicação de vexatória notícia para um dos lados.


Já passou o tempo de os líderes de organizadas repensarem o seu proceder e o de suas agremiações. Da mesma forma, a maior parte da imprensa e as autoridades

responsáveis, notadamente, o Ministério dos Esportes. Sem essas “substituições”, definitivamente não poderemos vencer o jogo contra a violência e seus agentes.

Felipe Bertazzo Tobar

Advogado. Pesquisador. Escritor. Mestre em Patrimônio Cultural e Sociedade pela Univille. Membro do departamento jurídico do Joinville E.C. Professor da pós-graduação em Direito Desportivo da FMU/SP.

 
 
 

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