A mulher e o Esporte
- Leila Barreto
- 8 de mar. de 2017
- 2 min de leitura

A inserção da mulher no meio esportivo aconteceu, inicialmente, por meio das torcedoras. Por mais incrível que pareça, em meados dos anos 30, antes mesmo da conquista do direito ao voto, foi na arquibancada que a mulher encontrou um meio de participar ativamente, ocupando espaço tanto na vida social quanto como telespectadora das competições esportivas. Curiosidades a parte, o termo “torcer” vem justamente do movimento das mulheres que, como forma de manifestar seu entusiasmo com as competições, torciam suas luvas para bradar os times ou os atletas.
Historicamente, as mulheres venceram inúmeros preconceitos quanto a chance de virarem atletas e competirem de forma igualitária tal como os homens competiam. Houve um tempo em que determinados esportes, como natação a longa distância e rugby, eram proibidos por lei de serem praticados por mulheres, uma vez que acreditava-se na ideia de que eram esportes incompatíveis com a sua natureza. Era a típica representação da mulher como "mãe, bela, recatada e do lar", mas em 1940.
Os jogos olímpicos só vieram a dar espaço para as mulheres, gradativamente, a partir dos anos 80, inserindo categorias de esportes que até então eram apenas destinadas aos homens. O grande marco veio nas olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, onde todas as delegações contavam com a participação de mulheres e estas corresponderam a 45% do número total de atletas.
No Brasil, historicamente, apenas em 1996, nos jogos de Atlanta, houve a conquista da primeira medalha de ouro no vôlei de praia através da dupla Jacqueline e Sandra. Sendo a primeira medalha de ouro em modalidade individual apenas em 2008, no salto em distância, com Maurren Maggi. Só nos jogos paraolímpicos de Nova York, em 1984, é que tivemos a primeira representante mulher Anelise Hermany que, inclusive, trouxe 3 medalhas de prata no atletismo.
No entanto, apesar da história ter contribuído para essa inserção, mesmo que lentamente, ainda há muito a se fazer. A começar pelos cargos técnicos e gestores que, dificilmente, são ocupados por mulheres, por ainda existir (e resistir) a ideia de que apenas homens possuem a capacidade de liderarem equipes, funcionarem como técnicos e serem responsáveis pela gestão das entidades desportivas.
Por mais que tenhamos uma mulher ocupando o cargo de técnica da seleção brasileira de futebol feminino, algo que recentemente ganhou alguma atenção da mídia, não temos tantos motivos para comemorar, afinal, o futebol não é o nosso único esporte, por mais que ainda seja o mais idolatrado e adorado no Brasil. Com isso, não podemos jamais esquecer das demais modalidades.
Hoje, 08 de março de 2017, temos pouco a comemorar e muito a discutir. Comemoramos as conquistas de todas as atletas, técnicas e gestoras desportivas brasileiras, que, com raça e resistência, superaram diversos obstáculos para chegar onde chegaram, mas não esquecemos, e é por isso que discutimos e lutamos, para que mais espaços surjam e que a igualdade entre os gêneros seja algo alcançado e respeitado no meio esportivo.
Um dia, quem sabe, esse dia será feliz.
Leila Barreto Advogada, pós-graduanda em Direito Desportivo pela UCAM/ICF, especialista em Direito e Processo do Trabalho pela faculdade Damásio de Jesus, Coordenadora Científica de Direito Desportivo da ESA-OAB/SE e auditora do pleno do TJD do Futebol em Sergipe.
Assinam conjuntamente: Danielle Maiolini, Gabriela Abreu e Raísa Bonatto - Colaboradoras da página
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